Vontade de continuar no projeto Vôlei em Rede foi estímulo para que o ex-aluno Paulo Gomes transformasse sua vida
[caption id="attachment_11830" align="alignleft" width="146"] Professora do projeto, Alessandra de Castro, é uma das responsáveis pela transformação positiva de Paulo no Vôlei em Rede e na escola[/caption]
Paulo é exemplo da transformação social que o esporte é capaz de proporcionar: hoje ele é um atleta super focado e responsável, mas quando iniciou no vôlei era um aluno genioso e briguento
O ex-aluno do Instituto Compartilhar, Paulo Gomes, hoje com 16 anos e jogando como levantador na categoria infantil do time profissional de Campinas/SP, o Vôlei Renata, conheceu o projeto Vôlei em Rede em 2015 por intermédio de um amigo que frequentava as aulas no Núcleo Dirceu Cordeiro – Itu/SP no ginásio de esportes Dirceu Cordeiro. Desde o começo, ele gostava de estar em quadra, jogar, brincar, aprender e competir, mas seu comportamento era bastante complicado no início. “O Paulo era um menino muito inteligente, mas precisava ser estimulado para coisas boas, como o esporte”, contou a professora do núcleo, Alessandra de Castro.
Apesar de demostrar muita habilidade técnica – chegou a ganhar um prêmio de melhor jogador em um torneio interno promovido pela professora Alessandra – quase saiu do projeto Vôlei em Rede devido a atitudes inadequadas na escola onde estudava e nas aulas de Minivôlei. Na escola, ele não se interessava muito pelas disciplinas regulares. Tinha muita energia e acabava desviando a atenção, não se sentia desafiado ou compelido a continuar melhorando. Já no projeto, ao mesmo tempo em que mostrava responsabilidade em não faltar e se dedicar ao voleibol, ele ainda mantinha comentários desnecessários e provocações aos colegas.
Por alguns conflitos e problemas em quadra, a mãe, Cícera, cogitou tirá-lo do projeto. Para evitar essa decisão radical, um combinado foi feito entre a professora, Cícera e Paulo: ele continuaria no esporte, mas teria que melhorar o comportamento. De acordo com a professora Alessandra, grande parte da transformação foi catalisada pela dedicação da mãe, mantendo-o na linha, acompanhando de perto.
[caption id="attachment_11833" align="alignright" width="300"] Paulo (à dir.) interage com jogador do Vôlei Renata, time parceiro do projeto Vôlei em Rede[/caption]
Paulo, que já havia levado advertências na escola e que sempre era assunto nas reuniões de professores, começou a melhorar gradualmente para permanecer no esporte, além de assimilar melhor os conceitos de cooperação, respeito e amizade, entre outros, trabalhados pela Metodologia Compartilhar de Iniciação ao Voleibol. “Ali no projeto o Paulo ia porque queria, porque gostava. Ali no vôlei ele aprendia muito sobre valores, regras, disciplina”, contou a professora. Com o tempo – ao todo foram quatro anos no projeto – Paulo começou a tratar melhor os colegas, via lógica em relacionar-se bem. “Todo mundo ali sempre me apoiou, sempre esteve do meu lado, me dando reconhecimento pelo que eu faço de melhor”, contou o garoto.
[caption id="attachment_11835" align="alignleft" width="300"] Sempre que possível, os atletas e comissão técnica do Vôlei Renata participam dos eventos promovidos pelo projeto, interagem com a garotada, compartilham suas experiências, histórias, e os motivam a levar os conhecimentos adquiridos em quadra para a vida, independentemente da escolha profissional[/caption]
Esse esforço gerou frutos. Embora não seja o foco do projeto Vôlei em Rede formar atletas, por vezes alunos com desenvolvimento técnico encontram no esporte uma possibilidade de seguir carreira profissional. A professora, vendo a inegável habilidade e desejo de Paulo pelo jogo, levou-o para participar de uma peneira. Ao longo de 2018, Paulo (sendo orientado por Alessandra) foi convidado para jogar em cinco times diferentes, mas ele se identificou mais com o Vôlei Renata, parceiro do projeto Vôlei em Rede nas cidades de Itu e Campinas. A estrutura e a possibilidade de crescer com o time profissional de Campinas também foram pontos importantes na tomada de decisão.
[caption id="attachment_11837" align="alignright" width="180"] Hoje Paulo é atleta do Vôlei Renata, categoria infantil[/caption]
Cícera, vendo a mudança e a seriedade com a qual o ex-aluno estava levando o esporte, mudou-se com ele e a família para Campinas, para ficarem mais próximos dos treinos. “Desde criança ela sempre me dava forças para qualquer esporte que eu praticava, fosse vôlei ou futebol”, contou Paulo. Para o futuro, ele quer continuar no esporte: na quadra e na faculdade. Além de jogar, o atleta quer fazer várias faculdades – nutrição, fisioterapia, educação física. “Tudo que esteja associado ao esporte”, adicionou.
[caption id="attachment_11839" align="alignleft" width="300"] 2017: Professora Alessandra registra momento de aula com a turma de Paulo (ao fundo e à esq.) no Núcleo Dirceu Cordeiro – Itu/SP[/caption]
Para a professora Alessandra: “O Paulo é o reflexo do que o projeto é capaz de fazer, do quanto o projeto é transformador. Não temos o intuito de formar atletas, mas queremos que eles absorvam todos os valores que o esporte proporciona”. Sobre o papel do projeto Vôlei em Rede, que vai além das quadras, a professora finalizou: “Queremos ampliar as vivências deles, as diferentes oportunidades que eles podem ter, abrir horizontes! O contexto em que os alunos vivem não pode limitar os sonhos deles. Tem outros alunos que vão para outras áreas (além do próprio esporte) e isso também me deixa muito feliz!”
Fotos: Divulgação IC, Acervo Pessoal e Camila Barros
Parceiros dos Núcleos Itu/SP do projeto Vôlei em Rede: Prefeitura Municipal de Itu e Vôlei Renata
Parceiros Institucionais: Uptime, Stone, Editora Sextante e Delírio Tropical