#Efeitoesporte Pais deficientes visuais de aluno do Instituto Compartilhar transmitem sua paixão pelo esporte para os filhos
[caption id="attachment_6968" align="alignleft" width="300"] Gustavo Machado pratica esporte com valores dentro e fora das quadras: com apenas 9 anos ele leva pais com deficiência visual para acompanharem as suas aulas de minivôlei do Núcleo Central, em Curitiba.[/caption]
No dia a dia do Núcleo Central – Curitiba/PR é comum ver diversos pais, mães ou responsáveis que acompanham seus filhos a cada aula, principalmente nas categorias menores. Com o aluno Gustavo Machado, 9 anos, do projeto Núcleos de Iniciação ao Voleibol no Paraná, não poderia ser diferente. O que muda nessa história é que ele é quem guia seus pais, deficientes visuais, até o ginásio onde acontecem as aulas.
Todas as terças e quintas-feiras, Gustavo, seus dois irmãos, com 7 e 4 anos, e seus pais saem de Colombo, cidade da Região Metropolitana de Curitiba, e vão até o ginásio do Núcleo Central, de ônibus. O trajeto leva cerca de 50 minutos. “O Gustavo adora o vôlei, sempre quer vir e nunca falta. Às vezes, nós ficamos com preguiça de sair de casa e ele nos incentiva: ‘vamos lá, eu arrumo as coisas para irmos’”, conta rindo a mãe do menino, Isamara Andrea Rubini.
Enquanto Gustavo faz a aula de vôlei, a mãe e os irmãos praticam outros esportes oferecidos no mesmo espaço pelo Governo do Estado, parceiro do Instituto Compartilhar no projeto Núcleos de Iniciação ao Voleibol no Paraná. Os pais do garoto praticam o Goalball– esporte paralímpico em que cada equipe conta com três jogadores titulares. De cada lado da quadra tem um gol e os atletas são, ao mesmo tempo, arremessadores e defensores. O arremesso deve ser rasteiro e o objetivo é balançar a rede adversária.
[caption id="attachment_6969" align="alignright" width="300"] Gustavo, à frente, é atento e fica de olho em tudo o que acontece na aula.[/caption]
Vem daí a vontade em transmitir aos filhos o gosto pelo esporte: “o nosso objetivo é mostrar a maioria dos esportes que a gente puder para as crianças, para que um dia eles possam escolher”, revela a mãe, que também gosta de correr. Além do Goalball, o pai é apaixonado pelo Judô.
Casados há quase 10 anos, Alan Jeferson Machado e Isamara Andrea Rubini encaram com naturalidade os desafios que a deficiência os impõe. “No início, nossas mães e irmãs vinham até a nossa casa ajudar com as crianças. Hoje já não precisa mais”, relembra Isamara. “Eles são responsáveis por ajudar na organização da casa, cuidar do cachorro, ler e separar as cartas, além de se arrumarem sozinhos e serem um pouco mais independentes”, comenta o pai Alan.
Gustavo, por ser o mais velho, é quem ajuda os irmãos mais novos no que precisa, principalmente nas tarefas da escola. “Essa parte foi bastante complicada no começo. O Gustavo teve que fazer reforço e se dedicar um pouco mais já que não conseguíamos ajudá-lo muito nas tarefas. Lembro que ele soletrava letra por letra do enunciado, para que conseguíssemos entender e tentar ajudar”, recorda Isamara.
Sobre as crianças terem um cuidado maior com os pais, Isamara finaliza: “dentro de uma família é natural um cuidar do outro, mas no nosso caso eles precisam cuidar um pouco mais, já que nós não enxergamos”, conclui a mãe.
Fotos: Divulgação IC.